A casa de banho é estreita, tem uma luz amarela, doente. Juntamente com todas as outras luzes do escritório, produz um ruído intenso como um homem gordo que ressona.
Lavatório, sanita e espelho. Por vezes, papel higiénico.
Houve uma altura em que este era o único lugar só meu.
Esconderijo de "tenho demasiado sono e estou a adormecer em cima do computador", "preciso de escutar os meus demónios" ou "estou a entrar em pânico". O último não é aqui utilizado como uma hipérbole, mas sim como um "estou a entrar em pânico, estou mesmo a entrar em pânico. Acho que vou morrer".
Quando volto apercebo-me.
Sentada com as pernas junto ao corpo, envolvidas no próprio abraço.
A cara molhada, sal nos lábios.
Um calor toma conta das maçãs do rosto e o corpo ainda treme sem frio.
Mas afinal não morri.
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