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  • Foto do escritorFilipa Ventura

"Safe place"

A casa de banho é estreita, tem uma luz amarela, doente. Juntamente com todas as outras luzes do escritório, produz um ruído intenso como um homem gordo que ressona.

Lavatório, sanita e espelho. Por vezes, papel higiénico.

Houve uma altura em que este era o único lugar só meu.

Esconderijo de "tenho demasiado sono e estou a adormecer em cima do computador", "preciso de escutar os meus demónios" ou "estou a entrar em pânico". O último não é aqui utilizado como uma hipérbole, mas sim como um "estou a entrar em pânico, estou mesmo a entrar em pânico. Acho que vou morrer".

Quando volto apercebo-me.

Sentada com as pernas junto ao corpo, envolvidas no próprio abraço.

A cara molhada, sal nos lábios.

Um calor toma conta das maçãs do rosto e o corpo ainda treme sem frio.

Mas afinal não morri.



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